No dia 30 de abril do ano 2000, o Santo Padre
João Paulo II, na canonização de Santa Faustina, proclamou o segundo da páscoa,
como o domingo da Divina Misericórdia: “É importante, então, que acolhamos
inteiramente a mensagem que nos vem da palavra de Deus neste segundo Domingo de
Páscoa, que de agora em diante na Igreja inteira tomará o nome de “Domingo da
Divina Misericórdia”“.O Santo Padre pronunciou
essas palavras depois de algumas considerações sobre a misericórdia divina,
devoção característica de Santa Faustina.
Reproduzo, com breves comentários,
alguns trechos da homilia do Santo Padre na ocasião. “Antes de pronunciar estas
palavras, - Jo 20,21 - Jesus mostra as mãos e o lado. Isto é, indica as feridas
da Paixão, sobretudo a chaga do coração, fonte onde nasce a grande onda de
misericórdia que inunda a humanidade.
“Daquele Coração a Irmã
Faustina Kowalska, a Bem-aventurada a quem de agora em diante chamaremos Santa,
verá partir dois fachos de luz que iluminam o mundo”. "Os dois raios, explicou-lhe certa vez o
próprio Jesus, representam o sangue e a água”. A água nos lembra do Batismo e o dom do
Espírito Santo e o sangue a Eucaristia.
E é o próprio Cristo que manda Santa Faustina proclamar para o mundo
inteiro a misericórdia que jorra de seu coração.
Esta mensagem Jesus a
confiou à Santa Faustina no tempo entre a primeira e a segunda guerra mundiais,
tempo de grandes sofrimentos que antecipavam outros maiores ainda.
Jesus disse à Irmã Faustina:
‘A humanidade não encontrará paz, enquanto não se voltar com confiança para a
misericórdia divina’ (Diário, pág. 132).
Através da obra da religiosa polaca, esta mensagem esteve sempre unida ao
século XX, último do segundo milênio e ponte para o terceiro.
Não é uma mensagem nova, mas
pode-se considerar um dom de especial iluminação, que nos ajuda a reviver de
maneira mais intensa o Evangelho da Páscoa, para o oferecer como um raio de luz
aos homens e às mulheres do nosso tempo”
E o Santo Padre se pergunta: “O que nos trarão os anos que estão diante
de nós? Como será o futuro do homem sobre a terra? A nós não é dado sabê-lo.
Contudo, é certo que ao lado
de novos progressos não faltarão, infelizmente, experiências dolorosas. “Mas a
luz da misericórdia divina, que o Senhor quis como que entregar de novo ao
mundo através do carisma da Irmã Faustina, iluminará o caminho dos homens do
terceiro milênio”.
E continua: “Assim como os
Apóstolos outrora, é necessário, porém, que também a humanidade de hoje acolha
no cenáculo da história Cristo ressuscitado, que mostra as feridas da sua
crucifixão e repete: A paz seja
convosco!
É preciso que a humanidade
se deixe atingir e penetrar pelo Espírito que Cristo ressuscitado lhe dá. É o
Espírito que cura as feridas do coração, abate as barreiras que nos separam de
Deus e nos dividem entre nós, restitui ao mesmo tempo a alegria do amor do Pai
e a da unidade fraterna.”
Eis aí internautas amigos, a grande mensagem desse domingo. As dores da
humanidade frutos de nossos pecados, só podem encontrará remédio se todos os seres
humanos se abrirem para a misericórdia divina que se derrama sobre o mundo do
coração de Jesus ressuscitado.
A paz começa com o perdão
dos pecados, ou seja, com a experiência do amor de Deus que nos pacifica desde
as profundidades abissais de nosso espírito. Depois ela se estende aos irmãos
de humanidade vistos agora com os olhos da divina misericórdia plantada em nós
pelo dom do Espírito Santo. Santa Faustina viveu intensamente essa experiência,
como nos atesta o Santo Padre:
“A Irmã Faustina Kowalska deixou escrito no
seu Diário: ‘Sinto uma tristeza profunda, quando observo os sofrimentos do
próximo”. Todas as dores do próximo se repercutem no meu coração; trago no meu
coração as suas angústias, de tal modo que me abatem também fisicamente.
Desejaria que todos os
sofrimentos caíssem sobre mim, para dar alívio ao próximo’ (pág. 365). Eis a
que ponto de partilha conduz o amor, quando é medido segundo o amor de Deus!”.
Também nosso olhar sobre o mundo criado
pode se modificar e nós aprenderemos a respeitá-lo e a cuidar dele como de
nossa própria casa e também casa de Deus.
Hoje, em nosso país,
preocupa-nos de forma especial o flagelo da violência que vem ceifando tantas
vidas inocentes - deve preocupar-nos também a tentativa de legalizar a
violência horrorosa do aborto – e o processo progressivo de degradação do meio
ambiente.
E, no mundo, os conflitos
que explodem em violência, fruto da injustiça e do ódio instalado no coração de
muitos povos. È hora de lutar pela paz. Comece, entretanto, em seu coração, em
sua casa, em sua comunidade. É preciso desejar a paz com a sede de quem caminha
no deserto e transformar essa sede em súplica. No Cristo ressuscitado está a
fonte, única capaz de matar essa sede. Repita sempre: “Jesus eu confio em vós”.
Dom Eduardo Benes
Arcebispo de Sorocaba (SP)
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