Junho é o mês de São João, Santo Antônio e
São Pedro. Por isso, as festas que acontecem em todo o mês de junho são
chamadas de "Festa Joanina", especialmente em homenagem a São João. O
nome joanina teve origem, segundo alguns historiadores, nos países europeus
católicos no século IV. Quando chegou ao Brasil foi modificado para junina.
Trazida pelos portugueses, logo foi incorporada aos costumes dos povos
indígenas e negros.
A influência brasileira na tradição da festa
pode ser percebida na alimentação, quando foi introduzido o aipim (mandioca),
milho, jenipapo, o leite de coco e também nos costumes, como o forró, o
boi-bumbá, a quadrilha e o tambor-de-crioula. Mas não foi somente a influência
brasileira que permaneceu nas comemorações juninas.
Os franceses, por exemplo, acrescentaram à
quadrilha, passos e marcações inspirados na dança da nobreza europeia. Já os
fogos de artifício, que tanto embelezam a festa, foram trazidos pelos chineses.
A dança-de-fitas, bastante comum no sul do Brasil, é originária de Portugal e
da Espanha. Para os católicos, a fogueira, que é maior símbolo das comemorações
juninas, tem suas raízes em um trato feito pelas primas Isabel e Maria. Para avisar
Maria sobre o nascimento de São João Batista e assim ter seu auxílio após o
parto, Isabel acendeu uma fogueira sobre o monte.
No Nordeste do país, existe uma tradição que
manda que os festeiros visitem em grupos todas as casas onde sejam bem-vindos
levando alegria. Os donos das casas, em contrapartida, mantêm uma mesa farta de
bebidas e comidas típicas para servir os grupos. Os festeiros acreditam que o
costume é uma maneira de integrar as pessoas da cidade. Essa tradição tem sido
substituída por uma grande festa que reúne toda a comunidade em volta dos
palcos onde prevalecem os estilos tradicionais e mecânicos do forró.
Assim surgiu a Festa de São João
Dizem que Santa Isabel era muito amiga de
Nossa Senhora e, por isso, costumavam visitar-se. Uma tarde, Santa Isabel foi à
casa de Nossa Senhora e aproveitou para contar-lhe que, dentro de algum tempo,
iria nascer seu filho, que se chamaria João Batista.
Nossa Senhora, então, perguntou-lhe:
- Como poderei saber do nascimento do garoto?
- Acenderei uma fogueira bem grande; assim
você de longe poderá vê-la e saberá que Joãozinho nasceu. Mandarei, também,
erguer um mastro, com uma boneca sobre ele.
Santa Isabel cumpriu a promessa. Um dia,
Nossa Senhora viu, ao longe, uma fumacinha e depois umas chamas bem vermelhas.
Dirigiu-se para a casa de Isabel e encontrou o menino João Batista, que mais
tarde seria um dos santos mais importantes da religião católica. Isso se deu no
dia vinte e quatro de junho. Começou, assim, a ser festejado São João com
mastro, e fogueira e outras coisas bonitas como: foguetes, balões, danças, etc…
E, por falar nisso, também gostaria de contar
porque existem essas bombas para alegrar os festejos de São João. Pois bem,
antes de São João nascer, seu pai, São Zacarias, andava muito triste, porque
não tinha um filhinho para brincar.
Certa vez, apareceu-lhe um anjo de asas
coloridas, todo iluminado por uma luz misteriosa e anunciou que Zacarias ia ser
pai. A sua alegria foi tão grande que Zacarias perdeu a voz, emudeceu até o
filho nascer. No dia do nascimento, mostraram-lhe o menino e perguntaram como
desejava que se chamasse.
Zacarias fez grande esforço e, por fim, conseguiu dizer:
- João!
Desse instante em diante, Zacarias voltou a
falar. Todos ficaram alegres e foi um barulhão enorme. Eram vivas para todos os
lados. Lá estava o velho Zacarias, olhando, orgulhoso, o filhinho lindo que
tinha… Foi então que inventaram as bombinhas de fazer barulho, tão apreciadas
pelas crianças, durante os festejos juninos.
Santo Antônio - 13 de junho
Entre os santos que mais são comemorados
durante as festas juninas, Santo Antônio é com certeza o que mais possui
devotos espalhados pelo Brasil e também por Portugal. Esse santo, que normalmente
é representado carregando o menino Jesus em seus braços, ficou realmente
conhecido como "casamenteiro” é sempre o mais invocado para auxiliar moças
solteiras a encontrarem seus noivos.
Em vários lugares do Brasil, há moças que
chegam a realizar verdadeiras maldades com a imagem de Santo Antônio a fim de
agilizarem seus pedidos. Não são raras as jovens que colocam a imagem do santo
de cabeça para baixo e dizem que só o colocam novamente na posição correta se
lhes arrumar um namorado. Também o separam do menino Jesus e prometem
devolvê-lo depois de alcançarem o pedido. Na madrugada do dia 13 são realizadas
diversas simpatias com este intuito. Mas não é só o título de casamenteiro que
Santo Antônio carrega. Ele também é conhecido por ajudar as pessoas a
encontrarem objetos perdidos.
Padre Vieira, um jesuíta, definiu assim Santo
Antônio em um sermão que realizou no Maranhão em 1663: "Se vos adoece o
filho, Santo Antônio; se requereis o despacho, Santo Antônio; se perdeis a
menor miudez de vossa casa, Santo Antônio; e, talvez, se quereis os bens
alheios, Santo Antônio", disse Padre Vieira.
Na tradição brasileira, o devoto de Santo
Antônio gosta de ter sua imagem pequena para poder carregá-la. Por esse e
tantos outros motivos que ele é considerado o "santo dos milagres". Ainda
com a tradição que é realizada duas espécies de reza e festa em homenagem a
Santo Antônio. A primeira delas, chamada “os responsos, é realizada quando o
santo é invocado para achar coisas perdidas e a segunda, designada “trezena”, é
a cerimônia dedicada ao santo do dia 1 ao dia 13 de junho, com cânticos, fogos,
comes e bebes e uma fogueira com o formato de um quadrado”.
Ainda há um outro costume que é muito
praticado pela Igreja e pelos fiéis. Todo o dia 13 de junho, as igrejas distribuem
aos pobres e afortunados os famosos pãezinhos de Santo Antônio. A tradição diz
que o pãezinhos deve ser guardado dentro de uma lata de mantimento, para a
garantia de que não faltará comida durante todo o ano.
São João - 24 de junho
Outro santo muito comemorado no mês de junho
é São João. Esse santo é o responsável pelo título de "santo
festeiro", por isso, no dia 24 de junho, dia do seu nascimento, as festas
são recheadas de muita dança, em especial o forró.
No Nordeste do País, existem muitas festas em
homenagem a São João, que também é conhecido como protetor dos casados e
enfermos, principalmente no que se refere a dores de cabeça e de garganta. Alguns
símbolos são conhecidos por remeterem ao nascimento de São João, como a
fogueira, o mastro, os fogos, a capelinha, a palha e o manjericão.
Existe uma lenda que diz que os fogos de
artifício soltados no dia 24 são "para acordar São João". A tradição
acrescenta que ele adormece no seu dia, pois, se ficasse acordado vendo as
fogueiras que são acesas em sua homenagem, não resistiria e desceria à terra.
As fogueiras dedicadas a esse santo têm forma
de uma pirâmide com a base arredondada.
O levantamento do mastro de São João se dá no
anoitecer da véspera do dia 24. O mastro, composto por uma madeira resistente,
roliça, uniforme e lisa, carrega uma bandeira que pode ter dois formatos, em
triângulo com a imagem dos três santos, São João, Santo Antônio e São Pedro; ou
em forma de caixa, com apenas a figura de São João do carneirinho. A bandeira é
colocada no topo do mastro.
O responsável pelo mastro, que é chamado de
"capitão" deve, juntamente com o "alferes da bandeira",
responsável pela mesma, sair da véspera do dia em direção ao local onde será
levantado o mastro.
Contra a tradição que a bandeira deve ser
colocada por uma criança que lembre as feições do santo.
O levantamento é acompanhado pelos devotos e
por um padre que realiza as orações e benze o mastro. Uma outra tradição muito comum é a lavagem do
santo, que é feita por seu padrinho, pessoa que está pagando por alguma graça
alcançada.
A lavagem geralmente é feita à meia-noite da
véspera do dia 24 em um rio, riacho, lagoa ou córrego. O padrinho recebe da
madrinha a imagem do santo e lava-o com uma cuia, caneca ou concha. Depois da
lavagem , o padrinho entrega a imagem à madrinha que a seca com uma toalha de
linho. Durante a lavagem é comum lavar os pés, rosto
e mãos dos santos com o intuito de proteção, porém, diz a tradição que se
alguma pessoa olhar a imagem de São João refletida na água iluminada pelas
velas da procissão, não estará vivo para a procissão do ano seguinte.
São Pedro - 29 de junho
O guardião das portas do céu é também
considerado o protetor das viúvas e dos pescadores. São Pedro foi um dos doze
apóstolos e o dia 29 de junho foi dedicado a ele. Como o dia 29 também marca o encerramento das
comemorações juninas, é nesse dia que há o roubo do mastro de São João, que só
será devolvido no final de semana mais próximo. Mas como as comemorações
juninas perduram alguns dias, as pessoas dizem que no dia de São Pedro já estão
muito cansadas e não têm resistência para grandes folias, sendo os fogos e o
pau-de-sebo as principais atrações da festa. A fogueira de São Pedro tem forma
triangular.
Como São Pedro é cultuado como protetor das
viúvas, são elas que organizam a festa desse dia, juntamente com os pescadores,
que também fazem a sua homenagem a São Pedro realizando procissões marítimas. No
dia 29 de junho todo homem que tiver Pedro ligado ao seu nome desse acender
fogueiras nas portas de suas casas e, se alguém amarrar uma fita em uma pessoa
de nome Pedro, este se vê na obrigação de dar um presente ou pagar uma bebida à
pessoa que o amarrou.
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