Ao narrar o nascimento de
Jesus, o evangelista Mateus, destaca a figura de José, colocando-o em estreita
relação com Abraão, o pai de povo hebreu e com Davi, de cuja descendência
nasceria o Salvador. (Cf. Mt, 1, 1-24). Em sua descrição genealógica, demonstra
que entre Abraão e Davi, houve quatorze gerações e de Davi até o exílio da
Babilônia, mais quatorze gerações e desde aí até o nascimento de Cristo, mais
quatorze, sinalizando o simbolismo do número sete, o número da plenitude,
duplamente presente nas três partes da ordem genealógica. Passa a descrever a
forma espiritual e miraculosa com que se deu o nascimento de Jesus Cristo,
narrando a experiência vital de José, o homem justo, demonstrando que mais
importante que o puro dado genealógico, é a descendência na linha da fé, cuja
origem maravilhosa está em Abraão aquele que acreditou contra toda esperança.
São Paulo, na carta aos Romanos (cf. Rom.4, 1-25), discorre sobre a
justificação de Abraão pela fé, uma vez que não se salvou pela observância da
lei só revelada bem mais tarde no Sinai a Moisés. Tal fé tem seu ponto máximo
ao momento do nascimento do Messias, e para ela se abrem de forma esplendorosa
José e Maria de Nazaré. José, ao lado da santa esposa, está posto nos umbrais
do momento messiânico, provado por Deus e mostrado como modelo de fé e
disponibilidade diante o plano do Altíssimo. Mateus classifica José como homem
justo, aquele em cuja alma se dava a justificação do alto, aquele cujo espírito
estava ajustado de forma madura e plena com o Senhor do Universo, Deus Pai
amoroso e onipotente que cria e salva a humanidade. Pela sua fé, na condição de
esposo legal e casto de Maria, se realiza a paternidade espiritual pela qual o
Salvador, gerado pela força do Espírito Santo no seio virginal da jovem de Nazaré,
cumpre a promessa feita aos primeiros pais e confirmada na profecia de Natan a
Davi.
Em José se evidencia de
forma eloquente a vocação do homem maduro que se realiza em ser fiel a toda
prova, ao não abandonar Maria na concepção extraordinária do Menino de Belém.
Nele se pode contemplar a integridade de alma, ao despojar-se de si mesmo diante
do plano de Deus, disponibilizando-se total e indivisamente para a missão de
ser pai legal, adotivo, do Menino Deus. Ao lado da Virgem esposa, José é modelo
de pai que cuida do filho, na certeza de estar servindo humildemente a Deus e
de estar diante de um mistério que só pode ser entendido dentro do prisma da
mais genuína fé e do mais completo amor.
Na vida da Igreja, José
sempre ocupou lugar de distinção, respeito e veneração. Os documentos do século
VII, a festa litúrgica introduzida no século XII, a expansão de sua devoção no
ocidente, sobretudo a partir do século XV e as várias distinções dadas ao seu
nome nos tempos modernos, fazem de São José um dos santos mais queridos e
populares do mundo cristão. O papa Pio IX (1846-1878) o declarou Patrono Universal
da Igreja, por ter sido escolhido por Deus para cabeça da família de Nazaré, a
primeira Igreja Doméstica. Sendo esposo de Maria Santíssima, pai putativo de
Jesus, se torna também patrono da Igreja, Corpo Místico de Cristo.
Mediante a confiança depositada
por Deus neste homem justo e bom, o fiel encontra razões para submeter-se ao
seu patrocínio e à sua intercessão, em Cristo, para que suplique ao Pai em
todas as suas necessidades, sobretudo as relacionadas com a família, a educação
dos filhos e a manutenção geral dos lares. Muitos seminários e outras casas de
formação dos futuros sacerdotes são postos sob o patrocínio de São José, bem
como mosteiros e conventos, pois ele é modelo de alguém que se entregou total e
indivisivelmente à obra do Senhor, não querendo nada para si, mas tudo para
Deus.
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