Será que um ato extremo,
ditado pela angústia ou por distúrbios psicológicos, pode mesmo ser julgado
como pecaminoso?
O suicídio é um ato
irracional, mas que tem atenuantes quando existem certas patologias.
A Igreja não justifica o
suicídio, mas admite que Deus, por meio de caminhos que só Ele conhece, pode
acolher o arrependimento da pessoa que decide tirar a própria vida.
O Pe. Maurizio Faggioni,
professor de Teologia Moral e de Bioética na Accademia Alfonsiana de Roma, cita
o Catecismo da Igreja Católica, na seção dedicada aos Dez mandamentos
(2280-2283), para tratar de um tema que neste momento está presente na mídia do
mundo inteiro, após a morte do ator norte-americano Robin Williams.
Ato imoral de autodestruição
O Catecismo diz: “Cada qual
é responsável perante Deus pela vida que Ele lhe deu, Deus é o senhor soberano
da vida; devemos recebê-la com reconhecimento e preservá-la para sua honra e
salvação das nossas almas. Nós somos administradores e não proprietários da
vida que Deus nos confiou; não podemos dispor dela” (n. 2280).
Um gesto contra si mesmo e
contra o próximo
Portanto, explica o teólogo
moral, “não existe um suicídio racional, porque cada um precisa respeitar a
própria vida e a dos outros. É absurdo que uma pessoa moral se afirme
matando-se, porque a vida moral está feita de crescimento, projeto. O homem
deve afirmar-se dessa forma, não eliminando a vida”.
Precisamente o Catecismo
afirma que o suicídio “é gravemente contrário ao justo amor de si mesmo. Ofende
igualmente o amor do próximo, porque quebra injustamente os laços de
solidariedade com as sociedades familiar, nacional e humana, em relação às
quais temos obrigações a cumprir. O suicídio é contrário ao amor do Deus vivo”
(n. 2281).
Patologias e atenuantes
Mas a Igreja Católica também
leva em consideração um ponto de vista mais subjetivo. “Na base deste gesto,
pode estar a depressão, angústia, distúrbios psíquicos, que atenuam a
responsabilidade – esclarece o Pe. Maurizio. Estas condições não nos permitem
acusar o suicida de ter realizado um ato pecaminoso.”
A misericórdia de Deus
Aqui encontramos os dois
pontos de vista, objetivo e subjetivo: “Não se deve desesperar da salvação
eterna daquelas pessoas que tiraram a própria vida. Por caminhos que só Deus
conhece, Ele pode ter dado a estas pessoas a oportunidade de um arrependimento
salvador. A Igreja ora pelas pessoas que atentaram contra sua vida”.
Por isso, conclui o
professor de teologia, “não se proíbe a sepultura das pessoas suicidas. A
misericórdia de Deus pode alcançar também essas pessoas, mas somente por meio
desses caminhos citados no Catecismo, caminhos que só Deus conhece”.
sources: Aleteia
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