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sábado, 5 de outubro de 2013

A UNIDADE DA IGREJA NA CANONIZAÇÃO DE DOIS PAPAS


Ambos foram modelos de vida entregue à Igreja, motores de grandes mudanças, instrumentos do Espírito Santo em cada momento histórico.

Com a canonização de João XXIII e João Paulo II no próximo dia 27 de abril, aposta-se na reconciliação de dois modelos de Igreja. O Papa Francisco, em seu desejo de somar e multiplicar, os canonizará seguindo a normativa vigente, sem desprezá-la.

Ambos foram aclamados pelo povo: santo súbito.  Roncalli possibilitou uma nova primavera, convocando o Concílio Vaticano II. O tempo passou e aquelas reformas tiveram de ser assimiladas, colocadas em prática com grandes desafios, mas também com grandes problemas.

A Wojtyla, em seu longo pontificado, correspondeu frear alguns aspectos e acelerar outros. Nem João XXIII foi entendido em seu momento por um setor da Igreja, nem João Paulo II o foi por outro.

É verdade que já passou muito tempo desde João XXII, e menos desde João Paulo II, e algumas das decisões deste último ainda estão pendentes, o que leva alguns a considerá-lo responsável por omissão de muitos temas que Ratzinger teve de enfrentar em sua tarefa de limpeza dos escândalos.

Não se canoniza o pontificado, mas as pessoas. Os historiadores falarão sobre ambos os pontificados, em seu momento. A Igreja canoniza pessoas, estilos de vida, virtudes heroicas. E tanto um como outro são apresentados como modelos de vida entregue à Igreja, motores de grandes mudanças, instrumentos do Espírito Santo em cada momento histórico.

Também se destacam por terem encarnado em sua vida essas virtudes que a Igreja pede para elevar seus filhos aos altares. Segundo algumas correntes de opinião, isso poderia ser muito debatido, mas as normas foram escritas, meditadas, ponderadas e poderiam mudar, mas não mudaram.

Por esta regra de três, estes dois papas podem ser elevados aos altares, assim como também Dom Romero poderia ser canonizado, por estar gravado na memória das Igrejas latino-americanas.

Não é hora de levantar bandeiras particulares. Não é a Igreja de Paulo, de Apolo ou de Pedro. É a Igreja de Cristo. Não é a Igreja de João XXIII nem a de João Paulo II que serão canonizadas. Ela é santa, apesar dos seus pecados. O que se propõe como modelo é o perfil crente destes dois homens.

O Papa Francisco considerou importante canonizar estes dois papas juntos. Não se trata de canonizar o papado, mas mostrar caminhos de santidade de duas pessoas que souberam estar à altura das circunstâncias e servir a Igreja. É a Igreja de Jesus Cristo.

Agora é preciso ter cuidado para fechar as rachaduras e abrir novos caminhos, os propostos pelo Papa Bergoglio: o caminho da santidade, da simplicidade.


Não é bom levantar bandeiras particulares com estas canonizações, ainda que talvez sim seja hora de estudar os processos para que a Igreja declare a santidade dos seus filhos, tema este que terá de entrar no caminho da renovação, para não cair nas armadilhas típicas de processos de canonização longos, custosos e às vezes distantes do mundo.

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