Papa Francisco
Sob as ordens do papa de
"rasgar e rescrever" a Constituição Apostólica, oito cardeais começam
hoje as reuniões com Francisco para
reformar o Vaticano, sua burocracia, suas operações e a forma pela qual se
comunica com fiéis e o mundo. A meta será a de dar maior voz aos bispos de todo
o mundo e, de certa forma, descentralizar parte das ações da Santa Sé.
Em abril, o papa anunciou a
escolha de oito cardeais que iriam liderar o processo de reforma e que, durante
os últimos meses, coletaram centenas de propostas de todo o mundo e prepararam
um informe de mais de 500 páginas.
O líder do grupo, o cardeal
Oscar Rodríguez Maradiaga, revelou que o pedido do papa não era apenas de mudar
"isso ou aquilo" na Constituição, conhecida como Pastor Bonus.
"Essa Constituição acabou", disse Maradiaga, se referindo aos textos
que foram emitidos em 1988, pelo papa João Paulo II. "Vamos fazer algo
diferente. Precisamos escrever algo diferente", disse o cardeal, em
entrevista a uma TV canadense.
Mas a reforma da
Constituição é apenas parte do processo. O papa pediu ao grupo a opinião sobre
o casamento e a possibilidade de divorciados que voltem a se casar poderem
comungar, sobre o sínodo dos bispos e sobre a relação entre a Igreja de base e
a Igreja em Roma. Segundo o Estado apurou, parte das propostas indica um
equilíbrio entre uma flexibilização da posição da Igreja e a manutenção dos
dogmas intactos.
Fontes no Vaticano admitiram
que há um sentimento nos últimos dias entre a Cúria de "expectativa e
nervosismo". "Essa será a maior obra de Francisco na Igreja e ele
sabe que poderá abalar as estruturas do Vaticano", reconheceu um religioso
na Santa Sé, que pediu para não ser identificado.
Para fazer a reforma, Francisco
escolheu seu G8 (grupo de oito cardeais), mas deixou claro que queria que as
propostas fossem coletadas da base. A estratégia é mostrar àqueles que resistem
às mudanças que, na prática, o papa apenas está escutando as realidades de
diferentes bispos pelo mundo. "Francisco quer usar sua base como seu
próprio escudo", contou outro diplomata.
Um temor do grupo que apoia
o papa é que a implementação de qualquer uma das propostas de reforma acabe
criando um mal-estar político dentro da Cúria. Não por acaso, no fim de semana,
o papa deu claras indicações de que não aceitará que a Santa Sé se transforme
em um local de disputa de poder. No sábado, em uma conversa com a segurança do
Vaticano, ele ordenou que os policiais não hesitem em punir quem praticar "fofoca".
"Isso é uma guerra travada com a língua", disse. "Aqui não pode
haver isso."
Escuta. Na reunião de hoje,
o papa vai mais escutar do que falar. Cada um dos cardeais apresentará sua
avaliação. Mas todos no Vaticano insistem que, nesta semana, nenhuma decisão
será tomada. Para Maradiaga, nada do que vai começar a ser realizado hoje
poderá ser concluído em "um ou dois meses". "Esse será um
processo longo." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
http://www.hojeemdia.com.br/noticias/papa-francisco-inicia-reforma-na-estrutura-do-vaticano-1.175734
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