Era a pornografia? As
drogas? Como estávamos perdendo nosso filho em seu mundo solitário?
Quando o nosso filho de 16
anos escapou após o jantar para sentar-se em seu quarto escuro com apenas a luz
do laptop, o meu marido sacudiu a cabeça e perguntou: “Pornografia?”
Quando suas notas caíram, e
ele começou a deixar de fazer as tarefas de casa e de sair com seus amigos, eu
olhei para o meu marido e disse: “Talvez drogas?”
Nós revistamos seu quarto e
nosso computador, e não encontramos nada além de um sanduíche pela metade
debaixo da cama e vários vídeos do Weird Al no YouTube.
Nós lhe perguntamos o que
estava acontecendo. Ele deu com os ombros, olhou para o chão e murmurou:
“Nada…”
Poucas semanas depois ele
saiu de casa e foi para o riacho, no final da nossa rua. Nós finalmente o
seguimos para ver o que estava acontecendo, e o vimos agachado debaixo de uma
árvore.
Não vimos mais seus amigos
frequentarem nossa casa. Seus professores estavam constantemente cobrando por
e-mail sobre a tarefa esquecida. Ele estava falhando em álgebra e quase
reprovado em química. Estava indo de um caminho correto em direção à
delinquência juvenil e ia repetir o décimo grau. Estávamos sem entender o que
estava acontecendo com nosso filho, sem nenhuma solução para esse mistério.
Ontem à noite, cheguei ao
meu limite. Comecei a falar. Ele ficou na minha frente com a cabeça baixa,
mastigando o lábio e nervosamente mexendo seu corpo.
Eu gritei: “o que você
poderia estar fazendo que é mais importante do que passar de ano?”
Sem olhar para mim, ele
sussurrou, “eu escrevi um livro.”
Olhei para ele pasma. “O
quê?”
“Eu escrevi um livro.”
Eu só olhava para ele, a
raiva saiu de mim, substituída por uma completa confusão. “Um livro? Quão
extenso o livro?”
“Cerca de 60.000 palavras.”
“Que tipo de livro? Alguém
viu isso? Por que é a primeira vez que eu estou ouvindo sobre isso?” As
perguntas apenas saíram de mim.
“Ummm… é como uma ficção de
fantasia medieval.”
“Você já mostrou para
alguém? Eu posso lê-lo?”
“Eu mesmo o publiquei, mãe.
Em formato e-book. Foi baixado quase 1.000 vezes. Os leitores parecem gostar
dele. E eles gostam da sequência também”.
“Há um livro e uma
sequência? Quando você escreve isso?”
“À noite. Eu desligo as
luzes, assim não há distrações, e apenas escrevo. Eu disse aos meus amigos que
eles teriam que ser pacientes. Estarei de volta em poucos meses”.
Eu apenas continuei olhando
para o homem-criança na minha frente com as peças do quebra-cabeças se
encaixando perfeitamente. Ele não estava usando drogas ou com intenções
suicidas. Ele não estava apenas distraído da escola; ele estava sucumbindo à
necessidade da alma de colocar as palavras no papel. É um vício, uma
necessidade. É algo que eu conheço intimamente e não acredito que não reconheci.
Ele é um escritor, que Deus
o ajude.
Eu passei meus braços em
torno dele e disse: “Três coisas: primeiro, o lance do livro é legal, mas você
ainda tem que passar em álgebra”.
Ele suspirou “ok”. “O que
mais?”
“Gostaria de lê-lo. Papai e
eu pagamos pela internet, temos de saber como você está usando para isso”.
“E a terceira coisa?”
“O que você estava fazendo
no riacho?”
“Coreografando cenas de
batalha”.
“Claro que você estava”.
Eu o inscrevi em uma oficina
de escritores durante o verão e lhe disse que pode ter um ano sabático após o
ensino médio para trabalhar em sua escrita, já que a faculdade não é
necessariamente para todos. Neste momento estou na metade do seu primeiro
livro. É engraçado. E bom. E realmente engraçado. Com apenas 16 anos de idade
ele já é um escritor melhor do que eu jamais espero ser.
Mas ele ainda tem que passar
em álgebra. Nós já contratamos um tutor.
Rebecca
Frech e seu filho, o pseudônimo
Rebecca Frech escreve no Shoved to T
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