Eram 10 horas da manhã de um
domingo em Recife e estávamos procurando um lugar chamado Casa da Cultura. O
GPS parecia ter indicado o lugar certo, mas não tínhamos certeza. O prédio não
tinha uma grande placa e para confirmar, resolvemos chamar um senhor que estava
dentro de uma barraca de água de coco. A barraca ficava na calçada do prédio
que achávamos ser o nosso destino.
A simpatia nos surpreendeu
depois do sinal com a buzina do carro.
– Pois não?
– Bom dia! Essa aqui é a
Casa da Cultura?
– É sim, senhor – respondeu
sorridente, com uma fala cantada. A entrada é logo ali na frente. Depois do
passeio, venha aqui tomar o coco mais doce da cidade – terminou rindo.
seualdo_montagemE a gente
riu no carro, eu e minha esposa. Fizemos o passeio pela antiga prisão que se
transformou em um mercado de artesanato e, ao fim, voltamos lá. Somos recebidos
com uma simpatia ampliada.
– Eu sabia que voltaria!
Agora eu tenho a obrigação de escolher o coco mais doce – disse ele com um
sorriso ainda maior.
Seu Aldo escolheu o coco
(que estava doce e parecia ter uns 3 litros de água) com um carinho que eu vi
poucas vezes em um vendedor. Carinho em selecionar, preparar, nos atender e
contar histórias.
Perguntamos sobre a Casa da
Cultura e ele disse que contaria o que sabia se pudesse contar também a
história do coco verde. E falou sobre sua história também; sobre como trabalhou
por 30 anos como representante de uma marca de medicamentos e, depois de se aposentar,
passou a vender cocos. Faz isso há 14 anos.
No dia 20 de agosto ele
completou 79 anos e ele parecia rir a cada minuto muito mais do que eu, com 50
anos de vida a menos. “Tristeza não paga dívida” ele me disse.
Sua história eu tinha que
contar, seu Aldo. Eu tinha que contar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário