A resposta da maioria da
população para esta pergunta é muito significativa - e o que acontece com
muitos dos ganhadores também.
O que você faria se ganhasse
30 milhões de reais (ou de euros, ou dólares, ou libras…) na loteria?
A resposta da maioria da
população para esta pergunta é significativa: “Largaria o trabalho e viveria de
renda“.
Em tese, é uma escolha
viável: 30 milhões de reais renderiam em torno de R$ 150.000 por mês se fossem
aplicados na poupança a uma taxa de juros de 0,5%.
Na prática, porém, a simples
perspectiva de dispor de uma grande soma de “dinheiro fácil” revela uma série
de “pontos fracos” de quem conta com essa, digamos, “sorte”.
O baiano Antônio Domingos
ganhou na loteria federal em 1983, aos 19 anos de idade, e não hesitou em
começar a viver “a vida dos seus sonhos”. Foi morar na suíte presidencial de um
dos melhores hotéis de Salvador, comprou nada menos que 18 carros 0 km, passou
a jogar fora sua roupa usada em vez de lavá-la e torrou grandes somas quase
diárias em festas, bebida e mulheres. Seu “sultanato” durou 5 anos. De volta à
pobreza, Antônio Domingos foi morar em um “puxadinho” no terreno da casa da
mãe. Dos 18 carros, não sobrou nenhum. Passou a trabalhar como garçom e a fazer
bicos de pedreiro. Indagado sobre “arrependimentos”, Antônio responde que o
maior de todos é o de não ter comprado uma casa melhor para sua mãe.
Nem todos os ganhadores de dinheiro
fácil o perdem da mesma forma: o simples despreparo para lidar de modo
disciplinado com as finanças devolve rapidamente um “sortudo” à pobreza. O
agricultor mineiro Antônio Donizeti acertou na loteria em julho de 1977 e
ganhou 16,1 milhões de cruzeiros, montante que o sustentaria pelo resto da
vida. O “resto da vida”, porém, se limitou a 3 anos, durante os quais ele
recebia cartas de mulheres de todo o Brasil interessadas (literalmente) em se
casar com ele. Boa parte da fortuna foi trasformada em empréstimos a parentes e
“amigos” – que nunca mais lhe pagaram. Antônio Donizeti passou a viver do seu
pequeno sítio em Araçuaí, no Vale do Jequitinhonha, uma das regiões mais pobres
de Minas Gerais.
Nos Estados Unidos não
faltam casos semelhantes. Aliás, estatísticas norte-americanas indicam que
cerca de um terço dos ganhadores de loteria no país vão à falência em um curto
espaço de tempo.
Em 2002, nada menos que 315
milhões de dólares foram embolsados por Jack Whittaker, um profissional da
construção civil que já era rico quando ganhou na loteria. A bolada, no
entanto, abalou a sua estabilidade. Jack gastou mais de 100 mil de uma única
vez em um clube de strip-tease. Outros 745 mil foram roubados de seu carro,
onde ele os mantinha em dinheiro vivo para, literalmente, “sair gastando”. Jack
foi preso por dirigir embriagado e por ameaçar o dono de um bar. Enfrentou
ainda vários outros processos, quase todos por dívidas em jogos de azar: em um
dos casos, foi processado por passar cheques sem fundo no valor de 1,5 milhão
de dólares para encobrir perdas em um cassino. Sua mulher pediu o divórcio. A
neta morreu de overdose, “financiada” pela mesada de 2,1 mil dólares que ele
mesmo lhe dava. Whittaker ficou sem dinheiro e sem família. De sua fortuna, o
que se salvou foi o dinheiro que Jack tinha doado a associações cristãs de
caridade e à fundação Jack Whittaker, que ajuda pessoas carentes no Estado da
Virgínia Ocidental.
Em 1997, o pastor
norte-americano Billie Bob Harrell, do Texas, ganhou 31 milhões de dólares, comprou
casas e carros e começou a sofrer pressões de desconhecidos para ajudá-los.
Emprestou dinheiro a praticamente todos os que lhe pediam, mas poucos pagaram a
dívida. O pastor também doou parte da fortuna à igreja e a obras de caridade.
Meros 2 anos depois de ganhar o prêmio milionário, já falido e abandonado pela
esposa, Billie cometeu suicídio. À família, restou apenas uma vultosa dívida
com o governo por impostos que não tinham sido pagos.
A “sortuda” Evelyn Adams
ganhou o prêmio máximo da loteria de New Jersey não apenas uma, e sim duas
vezes, em 1985 e 1986, derrotando quase inacreditavelmente as estatísticas que
calculam essa probabilidade em 1 chance em 17 trilhões(!). A soma dos dois
prêmios era suficiente para garantir para Evelyn uma vida livre de quaisquer
dificuldades financeiras: foram 5,4 milhões de dólares, uma quantidade bastante
alta na década de 1980. Mas ela conseguiu destruir todo o patrimônio graças ao
vício em jogos de azar. Falida em pouco tempo, teve de se mudar para um trailer,
sem dinheiro e sem conforto.
Na Inglaterra, em novembro
de 2002, o então gari Michael Carroll ganhou 9,7 milhões de libras (mais de 56
milhões de reais na cotação de hoje). Quando recebeu o prêmio, ele estava sendo
monitorado pela justiça com tornozeleira eletrônica depois de uma condenação
por arruaças calibradas por drogas e bebedeiras. Michael comprou uma bela casa
de 6 quartos, mas os milhões restantes se esvaíram em festas, álcool,
prostitutas de luxo (até 4 por noite), uma doação de 1 milhão de libras ao
clube de futebol Rangers, do qual era torcedor fanático… Além disso, 1,2 milhão
de libras literalmente viraram pó a fim de sustentar o vício de Michael em
cocaína. Menos de 10 anos depois de se tornar milionário, Michael pôs a casa à
venda e foi bater à porta do antigo emprego de gari para sustentar as duas
filhas.
Também britânica, Vivian
Nicholson ganhou na loteria em 1961 e ficou famosa pela declaração do que faria
com o prêmio: “Gastar, gastar e gastar”. E gastou. Após ficar viúva, ela se
casou mais cinco vezes, fez tratamento para alcoolismo, sofreu um derrame, foi
deportada de Malta, tentou o suicídio, foi internada num hospício e, já idosa e
aposentada, passou a viver com uma pensão de 87 libras por semana.
Nascer rico também pode ser
sinônimo de dispor de dinheiro fácil sem discernimento. Jorginho Guinle era
herdeiro da família que construiu o palácio do governo do Rio de Janeiro e o
luxuoso hotel Copacabana Palace, além de receber a primeira concessão para
operar o porto de Santos, o maior da América Latina. Mas o herdeiro se tornou
famoso não por administrar a fortuna, e sim por sair com celebridades, dirigir
carros de luxo e frequentar as grandes festas da chamada “alta sociedade”.
Jorginho Guinle teve de trabalhar como guia turístico aos 85 anos de idade para
poder se manter. Faleceu na pobreza aos 88 anos.
Não são só os “sortudos” que
precisam de educação financeira e, principalmente, educação em “valores” que
vão além dos financeiros. Pense em quantos conhecidos seus ganham bem e, mesmo
assim, vivem endividados ou, simplesmente, não são felizes: sua vida é marcada
por vícios, discórdias familiares, intrigas, traições, insegurança, desafeto,
falta de tempo, cansaço, estresse, vazio…
Este artigo termina aqui,
notavelmente incompleto. Ele deixa no ar, de propósito, várias perguntas.
Faça-as a si mesmo.
FONTE: https://bay168.mail.live.com/?tid=cmmtDCx6nI5RGVkQAjfeP1Xg2&fid=flinbox
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