O testemunho de fé de um pai
de família que, na infância, morou no lar em que um milagre aconteceu.
Como você viveria depois
que, dentro da sua própria casa, uma imagem de Nossa Senhora tivesse
lacrimejado?
O milagre, reconhecido pela
Igreja, ocorreu em Siracusa, na Itália, na casa do jovem casal Angelo Iannuso e
Antonina Giusto, que esperavam então o primeiro filho. Entre os dias 29 de
agosto e 1º de setembro de 1953, de uma imagem de gesso que representava o
Imaculado Coração de Maria e que estava à cabeceira da cama do casal, brotaram
“lágrimas humanas“, como foi confirmado pelas análises científicas.
Angelo e Antonina teriam
quatro filhos, dois meninos e duas meninas. É o segundo a nascer, Enzo, quem
nos guia hoje pela casa da sua infância. “Quando Maria escolheu chorar dentro
da nossa família, foi porque ela quis que a sua mensagem fosse dada dentro de
uma família”.
“Às vezes, a mamãe nos
mostrava os lenços com que tinha enxugado as lágrimas que caíam da imagem”,
conta ele. Um gesto espontâneo de mãe. Hoje, alguns daqueles lenços são
mantidos em um relicário, junto com lágrimas que desceram do quadrinho de
gesso.
Nos próximos dias, o
relicário de Nossa Senhora das Lágrimas de Siracusa será levado à Basílica de
São Pedro para a “Vigília de enxugar as lágrimas“, convocada pelo Papa
Francisco no coração do Jubileu da Misericórdia.
Em Siracusa, na Sicília, o
local onde os pais e um tio de Enzo viviam se tornou um oratório, lugar de
peregrinação e oração. Ainda é preservada, em uma sala, a cama do casal. No
quarto original, local do milagre, há hoje um altar em que todo dia é celebrada
a missa.
Voltar a esses lugares “de
família” é motivo de gratidão para Enzo: “Parece quase impossível estar
envolvido em uma história como esta, mas esta é a realidade, e o sentimento é
de serenidade e gratidão“. Além disso, “nós não tivemos nenhum mérito para que
isto acontecesse conosco. Não é vaidade. Recebemos a dádiva de ser
instrumentos, e, depois disso, podemos ficar de lado”.
Antonina contava aos filhos
sobre aquela manhã de sábado em que tinha notado as lágrimas escorrendo pelo
rosto de Maria.
Poucas palavras, porque,
mais que palavras, “era um clima que se respirava dentro de casa. Um clima de
serenidade. Havia também problemas, como em qualquer família, mas nós
respirávamos serenidade”, reflete Enzo. Marinheiro profissional, ele se mudou
de Siracusa para a Apúlia, se casou e teve três filhos. “Tive uma vida
movimentada, mas isso não me impediu de viver e me envolver com a escolha de
ser pai e marido“.
Enzo e a esposa levam “uma
vida normal, como a de qualquer casal, com momentos de lágrimas e risos, com
sacrifícios, mas, quando se vive uma alegria dessas, dá para enfrentar tudo com
paz interior”.
Para viver bem, diz ele,
“você tem que acordar todos os dias e decidir recomeçar. Temos um Pai e Nossa
Senhora sempre perto; só precisamos ter um pouco de confiança”.
E, tal como ele respirou a
fé e a serenidade dos pais quando menino, também seus filhos foram criados
imersos nesse ambiente: “Não é contando coisas que se transmite a fé, é
vivendo. É uma riqueza que você tem e que você compartilha com naturalidade”.
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