Revelação foi feita para
Santa Gertrudes
Santa Gertrudes via um dia
as suas companheiras se apressarem em ir à Igreja para assistir um sermão,
enquanto a doença a retinha na cela:
“Ah! Meu caríssimo Senhor”, diz ela gemendo,
“como eu iria prazerosamente ao sermão se não estivesse doente!”
“Queres, minha dileta”,
respondeu Nosso Senhor, “queres que eu próprio pregue para ti?”
“Com muito gosto”, replicou
Gertrudes.
Então Jesus inclinou a alma
de Gertrudes para o seu Coração, e ela logo discerniu neste duas pulsações
dulcíssimas de ouvir:
“Uma destas pulsações”, diz
Jesus, “opera a salvação dos pecadores; a segunda, a santificação dos justos. A
primeira fala sem trégua a meu Pai, a fim de lhe aplacar a justiça e atrair a
misericórdia. Por essa mesma pulsação falo a todos os Santos, desculpando junto
a eles os pecadores, com o zelo e indulgência de um bom irmão, induzindo-os a
intercederem por eles. Essa mesma pulsação é o incessante apelo que dirijo
misericordiosamente ao próprio pecador, com o indizível desejo de vê-lo
regressar a mim, que não me canso de esperá-lo”.
Pela segunda pulsação digo
continuamente a meu Pai quanto me felicito de ter dado meu sangue para resgatar
tantos justos, no coração dos quais fruo tantas alegrias. Convido a corte
celeste a admirar comigo a vida dessas almas perfeitas e a dar graças a Deus
por todos os bens que Ele já lhes deu ou lhes prepara.
Enfim, esta pulsação do meu
Coração é a conversa habitual e familiar que tenho com os justos; já para lhes
testemunhar deliciosamente o meu amor, já para repreendê-los em suas faltas e
fazê-los progredir de dia em dia, de hora em hora.
“Nenhuma ocupação exterior,
nenhuma distração da vista e do ouvido, interrompe as pulsações do coração do
homem.
Assim, o governo
providencial do universo não será capaz, até o fim dos séculos, de deter, de
interromper, de moderar, sequer por um instante, estas duas pulsações do meu
Coração”.
Na quinta-feira santa…
Jesus fez compartilhar ao
coração de Gertrudes as angústias que o seu divino Coração experimentou ao
aproximar-se a sua Paixão. Parecia à santa que Jesus passava todo aquele dia na
prostração e nos sofrimentos da agonia, porque sabia de antemão tudo o que
devia aturar. Por isso, como ele era Filho de uma terna Virgem e mais delicado
ainda que sua Mãe, assustava-se e tremia a todo momento, apresentando já as
convulsões e a palidez de um moribundo.
A Gertrudes,
partilhando-lhes as angústias, sentia tal compaixão dele que, se tivesse o
poder de mil corações, tê-lo-ia consumido todo naquele dia em compadecer-se de
amigo tão caro e tão amável.
Sentia também no seu coração
violentas pulsações, provocadas pelo desejo e pelo amor, que correspondiam às pulsações do Coração de Jesus, de sorte
que estava prestes a desmaiar sob a violência delas. Ora, o Senhor lhe disse:
“O amor que me animava no
tempo da minha Paixão; quando eu suportava no meu Coração todas essas
angustias, sinto-o hoje no seu coração, que tantas vezes se tem comovido e
penetrado de compaixão pelas minhas dores, pela salvação dos meus eleitos.
Assim, dou-te em troca desta
compaixão que testemunhaste durante aquele dia, todo o preço da minha sagrada
Paixão, pelo bem de tua alma, e quero que recebas também, para distribui-lo à
toda a Igreja, esse mesmo fruto da minha Paixão em todos os lugares onde se
adora hoje em dia o lenho da Cruz”.
Fonte: retirado do livro
“Amor, paz e alegria: mês do Sagrado Coração de Jesus segundo Santa Gertrudes”
do Rev. Pe. André Prevot.
Via AASCJ
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